Os Artistas de Rua

Não têm de esperar que as luzes se apaguem e o pano suba. O seu palco é a mítica calçada portuguesa. A audiência sempre incerta. A cada esquina da baixa lisboeta, vende-se arte ao preço de um sorriso, a mais comum forma de arte portuguesa, a que é poderia não só dos 'importantes', mas de qualquer anónimo talentoso.

     Na baixa lisboeta e, particularmente, na famosa Rua Augusta, escondem-se os mais diversos tipos de arte de rua. Sejam músicos ou cantores, actores ou personagens, homens-estátua, malabaristas, ilusionistas ou palhaços, ninguém fica indiferente a estes ‘quebra-rotinas’ do dia-a-dia da cidade.

     De facto, embora, muitas vezes, camuflados, é impossível confundir estes ‘homens do espectáculo’ com o resto da paisagem. Das mais diversas e criativas formas, dão vida à cidade e quebram a monotonia do dia-a-dia, criando uma interacção única entre a rua e as pessoas. O seu público privilegiado são os turistas, mas nem quem passa todos os dias por eles suspende a admiração. Assim, as reacções do público são as mais variadas, mas raramente é possível escapar a um queixo caído ou um olhar arregalado. Todos eles inspiram e transpiram arte, encantando com grandes surpresas e intrigantes mistérios até para os espectadores mais atentos. Em troca, esperam apenas um sorriso, um abraço, uma palavra, um olhar, uma fotografia ou simplesmente uma reacção. Isto porque, embora a maioria destes artistas tenha o seu próprio emprego e pise grandes palcos, todos confessam que não há nada como actuar na rua. A rua é o palco para todos, o palco onde é a plateia que faz a peça.

     Nunca conheci uma Lisboa feita apenas de monumentos, pedras da calçada, montras e lojas ou esplanadas no âmago da rua. Os artistas de rua são a grande alma da cidade e humanizam cada cm2 da mesma, pois, ao contrário do que possas ter pensado até aqui, em Lisboa, a rua não é feita de objectos, mas sim de pessoas.

     Nesta curtíssima reportagem, da minha autoria, pode ver algumas imagens inéditas destes talentosos artistas, bem como assistir ao breve testemunho de alguns espectadores portugueses e estrangeiros, e ainda de um artista de rua português reconhecido, inclusivamente, pelo Guiness Book of Records, pelo seu dom de levitação. Curioso?